Foi em casa, dentro de água, que Amber Hartnell deu à luz. Ria e chorava. O parto durou doze horas, oito das quais em estado de êxtase. Vagas orgásticas acompanharam a mulher que afirma nunca ter tido um prazer tão forte. Não fez preparação para o acto mas pratica ioga e meditação para que o corpo permaneça aberto e flexível.
Esta mãe figura no documentário “orgasmic birth” projectado no mundo inteiro. As reacções são diversas, entre o horror e a admiração, há quem se pronuncie contra o prazer no acto de parir. O corpo deve abandonar-se o mais possível para que o sofrimento menorize mas, defendem alguns, quem tem orgasmos no parto deve ir ao médico. Chegam-se a fazer afirmações do tipo: “não gostaria de pensar que a minha mãe gozou ao dar-me à luz”.
Amber tem recebido inúmeras mensagens de grávidas que pensam mudar os seus planos de parto após terem visto o documentário. Muitas mulheres garantem ter tido orgasmos durante o trabalho de parto em casa. Trata-se de um parto não assistido, natural, sem medicamentos nem anestesias químicas. Só neste ambiente as mulheres podem atingir o êxtase porque é necessário um clima de tranquilidade que transmita segurança, sem interrupções, como quando se faz amor. A cada esforço de expulsão, a pressão da cabeça do bebé pode provocar sensação inesperada de excitação sexual, explica Sheila Kitzinger, guru britânica do nascimento.
Afirma ainda a realizadora do documentário, Debra Pascali Bonaro que a capacidade da mulher sentir um prazer físico intenso é o “segredo mais bem guardado de sempre”. Parece que dar à luz não é assim tão diferente de ter relações sexuais, defende mestra de parteiras na Universidade do Vale do Tamisa.
Experiências de êxtase em momentos que se espera serem de dor baralham referências. A ideia de um orgasmo no parto confunde modelos culturais e comportamentais. Não me parece abusivo afirmar que a natureza presenteia as que, em atitude paralela, vivem momentos únicos.
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