28.1.10

NO MEU TEMPO


Pieter Brueghel

No “meu tempo” havia respeito, as pessoas tinham palavra e não era necessário recorrer a tribunais para provar o dito ou o feito. No “meu tempo” as palavras tinham peso e, atitudes demonstravam carácter e bom senso. No “meu tempo” as coisas eram diferentes, os filhos respeitavam os pais, os velhos eram protegidos, as crianças aprendiam e os governantes tinham princípios. Era o “meu tempo”; a altura em que me sentia jovem, tinha poucos anos e muita energia. Talvez por isso diga que era o “meu tempo”, porque ainda não percebi que o tempo presente é o único que interessa.

O “meu tempo” é o que hoje vivo, onde me situo e ajo, onde posso mexer nas coisas. O tempo de todos os dias é meu porque o ocupo e transformo, a não ser que persista na ideia morta de que o tempo que foi “meu” já não existe. Então, o que é o tempo que vivo agora? O dos outros?

3 comentários:

Anónimo disse...

isso.

leitor improvável

Anónimo disse...

Caro "leitor improvável": Deve, uma pessoa, "ser pelo menos um pouco improvável". Oscar Wilde.
Quanto ao "isso", obrigada. É bom saber que alguém vive o tempo fora de um morto e enterrado passado.

Fields disse...

"Não se preocupe em "entender". Viver ultrapassa todo entendimento". Clarice Lispector

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