29.2.12

Tempo seco

Vik Muniz (Ava Gardner)



















Eu sei que ando numa preguiça sem tamanho. Vim aqui dizer isso. Já se sabia. As palavras estão arrumadas à espera da chuva. Têm estado secas. São precisas paragens para dizer coisas que ninguém ouve e escrever textos que ninguém lê. Quem escreve com a preguiça em cima diz asneiras, hábito meu, eu sei. Mas agora é descanso.

16.2.12

Vontade

Que venha a noite escura e fria. Que venham ideias em corpo prostrado. Que venham as mãos, postas fora do nada. Que venha tudo. Que venha o alívio por ter feito o que há muito devia ter sido feito. Que venha o presente que pôs em mim a vontade.

13.2.12

Igualmente diferentes

Às vezes o frio dos dias substitui o tempo das ideias quentes. Há dias sempre iguais, tão iguais que fazem toda a diferença.

5.2.12

A densidade que a vida tem

Tiago Taron












Há mulheres que são espessas, andam com os pensamentos à frente dos passos. As mãos guardam o que iam sentir e os pés tropeçam no que iam dizer. 
Há mulheres que são espessas porque sugam a densidade que a vida tem.

3.2.12

Tempo de chá e de frio

Foto minha















Quando a temperatura baixa, as mãos ficam frias.  O bule é de ferro. A infusão chega depois do almoço. Resta o descanso de um estômago aquecido. As mãos que pegam na chávena são, também, as mãos que desejam o bule. Depois, o contentamento deita-se em cima da ausência de açúcar. Quanto ao bolo de chocolate, espera-se que a vontade arrefeça.