A inveja corrói o invejoso,
transforma-o numa espécie de perseguidor. O invejoso tem sempre a certeza de
que o não é e vive na perseguição de um ser que não consegue imitar, tal
sentimento é destruidor de relações e impede a construção e a criatividade. O
invejoso é um ser deficiente, emocionalmente instável e profundamente infeliz.
A sua infelicidade, ao invés de lhe proporcionar a capacidade de se transformar, condu-lo a uma espécie de obsessão, o objetivo é que o outro não
faça, não progrida, não tenha sucesso e erre muito.
Há um prazer pornográfico e
sujo quando vê o outro cair, a certeza da competência alheia faz-lhe comichão
debaixo dos braços e tira-lhe o sono. Quando se trata de alguém que, a troco de
nada e só porque sim, consegue construir e ser maior, o invejoso não dorme,
inventa tudo o que pode para por no chão quem brilha e se destaca. É por ser
infeliz e incapaz que a inveja aparece, cresce como uma planta e é alimentada
pela raiva de si mesmo.
Há quem passe o tempo a olhar para
os melhores, a pedir que não o sejam, a trabalhar para lhes dificultar a vida.
Há quem, de tão infeliz e frustrado, não consiga ficar contente com nada de bom
que os outros façam. A inveja é uma doença contagiosa, basta que passe de pais
para filhos, às refeições e nas conversas em família, cuidado, pega-se porque
se transmite por palavras e atos.
O invejoso é um ser perigoso, mas tem
remissão: se conseguir ser feliz e perceber que é bom ver os outros felizes,
perceberá que a vida ganha cor. O invejoso vive a preto e branco e todas as
cores o perturbam, como não consegue pintar o seu mundo, acha que o dos outros
também tem de ser escuro. Na sua cabeça está a luta pela mediocridade
generalizada, não quer ficar sozinho e, por isso, faz descer quem sobe e chorar
quem ri, não vá o mundo alheio ficar acima do seu chão porco e pouco polido. O
desejo supremo de um invejoso é inconfessável, secreto, só ele o conhece e por
ele vive.
Os perversos desejos do invejoso
acabarão, no dia em que descobrir que pode ultrapassar a frustração que o
consome e a infelicidade que o corrói.
1 comentário:
Gosto muito! :)
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