30.11.09

BOAS SENSAÇÕES


Helen Frankenthaler

Dormi muito. Tive a sensação de que o Natal já tinha passado.

28.11.09

LIMPEZA


Vou para a banheira para ver se a água me limpa contradições.

27.11.09

COISAS QUE A GENTE VIVE

As coisas que a gente vive ficam na carne cravadas. São frases e gestos e gostos e cores e corpo e alma e espera e grito e morte e canto e sono e tempo e espaço e gente e cheiro e tudo o que, aqui, se grava em forma de cravo enterrado bem dentro.

26.11.09

SABEDORIA BUDISTA


Helen Frankenthaler

"De acordo com a sabedoria de Buda, podemos na verdade utilizar as nossas vidas para nos prepararmos para a morte, sem precisarmos de esperar pelo falecimento doloroso de alguém que se encontre perto de nós, ou pelo choque de uma doença terminal para começarmos a olhar para as nossas próprias vidas."

O Livro Tibetano da Vida e da Morte; Sogyal Rinpoche

25.11.09

VERDADE

Era uma vez uma mulher que dizia sempre a verdade e era infeliz.

24.11.09

PERCURSOS



Continua no percurso pelas ruas de Lisboa. Gente nova com saudade e destino no corpo. Vozes. Escadinhas da Mouraria e a nostalgia do tempo em que ia aos fados de mão dada com o meu pai. Sentava-me à mesa e não entendia por que razão viajavam para ouvir a guitarra. Hoje espanto-me e arrepio-me. Coisas da idade que chega.

23.11.09

MAXIME




Hoje vou ao lugar das memórias. Ali perto do Parque Mayer, onde foste profissional atento, onde viveste acima do tempo e do espaço.

22.11.09

DOBRAS E GRITOS (38)

Casamento, união de facto, união sem ser de facto, contrato, consentimento, divisão de espaço e tempo, partilha de corpo e alma, troca de fluidos, mistura de afectos. Chamem-lhe o que quiserem, o que der mais jeito, o que for mais conveniente, o que ficar melhor na fotografia, o que convier aos dois, o que for aceite no registo civil mas… por favor, parem de meter o bedelho na vida pessoal e íntima de cidadãos que trabalham, pagam impostos e têm direitos. O estado não pode intrometer-se na cama das pessoas, a igreja não tem que opinar sobre a intimidade de cada um. Ainda não entendi por que razão o casamento entre pessoas do mesmo sexo é assunto. Legalizem o que há para legalizar. É a igualdade que está em causa. Esperam o quê?

21.11.09

MATILDE


Robert Doisneau

Vamos embora, Matilde. A mãe disse que precisava da nossa ajuda. Amanhã voltamos com as nossas rodas e os nossos anseios.

19.11.09

MATERIAIS DIVERSOS

"É um grito no topo da serra mas adora o silêncio dos espectáculos"

Festival de Artes Performativas que cruza espectáculos internacionais com espectáculos nacionais. A música é o fio condutor que os une. Tiago Guedes respondeu ao convite da Câmara Municipal de Alcanena. O Festival aí está, para começar hoje e continuar por 10 dias.



Em Minde, o espaço de tertúlia pós espectáculo, denuncia bela ideia e exótico sentido estético. Lugar para conversas com loiça preenchida de aroma e música. Tempo de encontro entre os que olham e os que expõem, expondo-se.
Convite aos afectos por causa da música. Ela é lugar de desejos. Sempre.

17.11.09

GENTE PEQUENA


Robert Doisneau

Lá vão eles, com os sonhos inteiros. Gente pequena à procura da vida que tarda em chegar. Nem a chuva impede percursos, nem o sol impede olhares. Gente pequena. Com o futuro todo no bolso.

16.11.09

SEM VIDRO


Roberto Doisneau

Esta semana encontro-me com veias artísticas. Sem vidro que separe pensamentos.

13.11.09

COISAS EFÉMERAS


Amadeo Modigliani

Abriu-se a porta da casa por detrás das árvores. Entraram como em todos os outros dias. Silenciosos. Os móveis continuavam à espera das pessoas. As pessoas tinham interrompido a espera. Coisas tontas e efémeras.

12.11.09

DEPOIS DA ESPERA


Amadeo Modigliani

Ele voltou depois. Quando a espera tinha acabado. Ela ficou quieta. Porque os músculos não responderam aos desejos e os desejos não responderam aos conhecimentos e os conhecimentos não responderam aos apelos e os apelos calaram, dentro de todos os músculos.

11.11.09

ESPERA


Amadeo Modigliani

Ela esperou por ele. Até ao dia em que percebeu que, esperas, travam conhecimentos.

10.11.09

O BERRO DA TIRA DE PANO


Amadeo Modigliani

A gravata berra de raiva. Porque ainda não disse nada que se ouvisse. Esperneia no pescoço de quem não a entende. Barafusta no corpo de quem a quer perfeita. Ela não quer ser perfeita. Não quer ser mais que tira de pano para engraxar sapatos.

9.11.09

VESTIDO


Amadeo Modigliani

Corpo vestido. Depois. Quando as mãos deixaram de encontrar nudez. Depois. Quando os pés pisaram chão coberto de afazeres.

8.11.09

ESPAÇO


Amadeo Modigliani

Espaço onde todas as células encontram contentamento.

7.11.09

MAIS POESIA


Amadeo Modigliani

- Aquele CD de jazz que compraste ontem?
- Está ali.
- Vai colocá-lo, por favor.
- Interrompes para isso?
- É necessário.
- Necessário?
- Absolutamente. Orgasmo com poesia!

5.11.09

BELA


Amadeo Modigliani

Preguiça bela. Quando os dias estão cheios de corpo.

3.11.09

FESTA EM DIA DE FINADOS


Era o dia do fim da quadragésima semana de gravidez:
- 2 De Novembro, doutor?
- Que tem?
- Não, por favor, se eu puder escolher, não quero que o bebé nasça no dia dos mortos.
- Mas que superstição é essa minha senhora?
- Eu não sou supersticiosa, até porque acho que isso dá azar, mas filho meu a nascer em dia de finados é que não.
- Julga que a criança vai ficar triste com isso?
- De forma nenhuma, doutor, só não quero passar o resto da vida entre festas de aniversário e visitas ao cemitério!!

2.11.09

MONÓLOGO JUNTO À MINA


António Eça de Queiroz

Um amigo do Norte, companheiro de palavras publicadas, cúmplice em almoços com gente gira, fez o favor de aceitar um convite: escrever na Dobra Do Grito, com pintura incluída. Obrigada, António.

Bom, vejo que finalmente a encontraste – um bocado à sorte, diga-se de passagem...E que vais fazer agora, pode-se saber? Ou não saberás ainda?...
Não sei, não. Realmente não sei. Pergunto-me se valerá a pena – aliás pergunto-me mesmo se algo vale a pena. Já pensei em fazer aqui uma horta e montar guarda.
Como um cão?!... Essa é boa! Andaste anos ao acaso das passagens em redor da entrada, fizeste cálculos de pêndulo e astrolábio, correste perigos, rugiste de ira no breve desalento, uivaste de alegria na falsa descoberta... E agora que te falta um passo, um único, não vais entrar?... Não te move sequer um pouco de curiosidade? – se esconde tesouros, ou até segredos caros ao universo? Se assim é para quê avançar tanto no caminho, tão cheio da segura insegurança que anima a alma dos aventureiros? Porque não fizeste logo a tua horta e por lá não te ficaste, junto aos teus amigos pássaros, à salsa e à hortelã? Ninguém te empurrou de lá para fora!...
Tive de facto curiosidade. E o acaso, dizem os que crêem, é uma das divinas manhas...
E agora...
É.
Enganaste-te outra vez, meu caro: não é.

António Eça de Queiroz

1.11.09

FESTIVAL


O Festival Materiais Diversos decorrerá de 19 e 29 de Novembro em Alcanena, Minde e Torres Novas.Com a direcção artística de Tiago Guedes, será um festival pluridisciplinar (dança, teatro, música e performance) e apresentará uma programação internacional, nacional e local.O coreógrafo Raimund Hoghe já confirmou a sua presença tal como Eszter Salamon, o Rancho do Covão do Coelho, Jonathan Burrows, Karine Decorne e Simon Proffit, Tânia Carvalho, Margarida Mestre, Filipa Francisco, Joana Barrios, Martim Pedroso, Cláudia Gaiolas que encenará o grupo de teatro Boca de Cena, Cão Solteiro e Vasco Araújo, Inês Jacques e Eduardo Raon com Xaral's Band!

O Festival Materiais Diversos é financiado pelo MC/DGArtes, pela Câmara Municipal de Alcanena e pela REN.
É um evento integrado no Ano Europeu da Criatividade e Inovação.