26.1.14

Dobras e Gritos (54)

"As coisas que nos assustam são em maior número do que as que efectivamente fazem mal, e afligimo-nos mais pelas aparências do que pelos factos reais."

Séneca; Cartas a Lucílio

18.1.14

Vincos na existência

Há momentos na vida que ficam vincados, e isso faz-nos engomar as horas quando é preciso parar e perceber o mundo e os dias que experimentamos. Há palavras que nos empurram para realidades pouco conhecidas. Fora da zona de conforto encontra-se a magia que a vida precisa para acontecer. Há meses que entrei numa zona desconhecida. A Programação Neurolinguística (PNL) é uma área de estudo e crescimento pessoal muito mais ampla do que a própria vida. Julgamos ter o mapa todo explorado e percebemos que muitos caminhos estão por viver. 
 
Num sétimo andar em Lisboa, acontece a magia. Entre o inconsciente e a consciência, entre o corpo e o movimento, entre pares que querem viajar connosco, descobre-se que a viagem é longa, descobre-se o que sempre esteve cá dentro. Se todos temos os recursos de que necessitamos para sobreviver no sistema, vamos encontra-los, descobrir as perguntas certas, fazer os exercícios que o corpo permite e a alma encontra. 

A PNL é a viagem mais bonita que fiz até hoje, não porque se encontrem só coisas belas, mas porque se encontram todos os caminhos possíveis a uma mudança de rumo e, quando se quer mudar de rumo, é preciso que a vida aconteça e, se é preciso que a vida aconteça, que se ponham os pés ao caminho e a cabeça siga levantada frente ao espelho que somos e do qual fugimos, quando acreditamos poder fugir de uma evidência.

5.1.14

Luzes regressam às gavetas

Depois é a preguiça do corpo que se levanta devagar, o entorpecimento e tudo o que deixou os sentidos parados. Depois das luzes regressarem ao lugar de onde não deviam ter saído, os pensamentos demoram a ocupar o lugar que têm por direito. No decorrer do marasmo que se instalou, vêm os remorsos pelo que não se produziu. Pior ter morrido.

4.1.14

Luzes fora das gavetas

As épocas transformam as atitudes. São períodos de tempo que me desconcertam. As épocas têm poder e isso irrita-me. Como se o tempo, dentro da consciência, fizesse saltar o que estava quieto, desorganizar o que estava arrumado. Gosto de arrumações, não gosto de épocas que põem tudo fora do lugar. As luzes saem das gavetas, os bolos ingerem-nos e os papéis devoram-nos. As épocas tiram-me a rotina e isso desalinha-me o corpo. Fico doente dos olhos e os braços caem perdidos, sem ter onde pousar. Fico turva de sentimentos e as pernas prendem passos que se querem compridos. As épocas transformam as atitudes e isso põe-me doida de espanto e espera. Vou aprender a viver épocas, antes que elas me levem aos abismos profundos da pouca lucidez.

Jackson Pollock