22.12.08

A URGÊNCIA DAS PALAVRAS


Era preciso preparar o jantar marcado para as nove. As mulheres chegavam sempre primeiro. Aos homens, o tempo ia escapando por entre as roupas que demoravam a escolher.
Sacudiu os braços e endireitou as costas. Foi para a cozinha depois de pôr música. Acendeu duas velas e encostou-se à bancada, dispondo os ingredientes da receita.
Tinha colocado na mesa os queijos e as entradas de frutos e amêndoas. Eram cinco pratos brancos em cima de uma toalha cor de chocolate. Os talheres eram herança de família. Deixou cair algumas flores na jarra de prata.
Voltou à cozinha, e ao cheiro das natas a ferver. Ouviu tocar a campainha duas vezes pequenas.
Deve ser o Miguel, pensou. Desta vez não se atrasou. Correu para a porta e viu-o inteiro. Grande. Abraço imenso.
- Cheiras bem, Luísa.
A campainha voltou a tocar. Todos, à chegada, perceberam a urgência das palavras.

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