Walter Vale, professor de economia na Universidade de Connecticut, perdeu a paixão pelo ensino. A vida é preenchida por rotinas. O vazio da existência caminha para as teclas de um piano que já não se ama. As aulas preenchem objectivos que desapareceram. Uma deslocação a Nova York leva Walter ao reconhecimento de que a vida pode passar a fronteira do hábito. Dois jovens ilegais que ocupam, por engano, o seu apartamento, fazem com que Walter perceba, por detrás de um sorriso que não se revela, a importância dos dias com ritmo. Tarek, músico dotado (para além dos dotes com que a natureza o presenteou), ensina a Walter os segredos do djembê.
Aos poucos, Walter recupera a alegria da qual que se tinha esquecido. Amigos e cúmplices, os dois homens percorrem o metro e os bairros de Nova York com o objectivo de viver ao ritmo da exaltação.
Noite fria. Avenida de Roma. Do cinema King à praça de táxis, dois amigos circulam em passos fumados de riso e luxúria:
- Walter percebeu que se pode morrer antes do cérebro e o coração pararem.
- Coisas que todos temos obrigação de entender.
- A morte é sempre entendida como física.
- Não fossem desatentas as gentes, perceberiam que morrem todos os dias, sem o som do djembê e sem as teclas do piano.
O vento cortante de uma cidade silenciosa, longe do poder cosmopolita de Nova York e do cheiro das bijutarias vendidas em Washington Square. A noite sem lua:
- Gostaste do desempenho dele?
- A falta de sorriso, a incapacidade de um corpo que morre e deixa a alma ir junto. Gostei da forma como o disse, em todos os gestos e frases.
- O piano era o encontro possível com a mulher.
- Era. Embora Walter tivesse tomado consciência que, encontros depois da morte, podem desenrolar memórias pouco bonitas.
O vento parou na cidade silenciosa, ao mesmo tempo que o táxi encostou na berma para que entrassem:
- Por favor, leve-nos ao Café Malaca.
- Onde fica?
- No clube naval do Cais do Sodré, uma casinha velha que espreita o rio com vergonha.
- Estão com pressa?
- Não. Acabámos de perceber a importância das noites que não se apressam.
Noite fria. Avenida de Roma. Do cinema King à praça de táxis, dois amigos circulam em passos fumados de riso e luxúria:
- Walter percebeu que se pode morrer antes do cérebro e o coração pararem.
- Coisas que todos temos obrigação de entender.
- A morte é sempre entendida como física.
- Não fossem desatentas as gentes, perceberiam que morrem todos os dias, sem o som do djembê e sem as teclas do piano.
O vento cortante de uma cidade silenciosa, longe do poder cosmopolita de Nova York e do cheiro das bijutarias vendidas em Washington Square. A noite sem lua:
- Gostaste do desempenho dele?
- A falta de sorriso, a incapacidade de um corpo que morre e deixa a alma ir junto. Gostei da forma como o disse, em todos os gestos e frases.
- O piano era o encontro possível com a mulher.
- Era. Embora Walter tivesse tomado consciência que, encontros depois da morte, podem desenrolar memórias pouco bonitas.
O vento parou na cidade silenciosa, ao mesmo tempo que o táxi encostou na berma para que entrassem:
- Por favor, leve-nos ao Café Malaca.
- Onde fica?
- No clube naval do Cais do Sodré, uma casinha velha que espreita o rio com vergonha.
- Estão com pressa?
- Não. Acabámos de perceber a importância das noites que não se apressam.
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