15.5.09

34 - CARAVAGGIO



Lombardia, 1573 - Porto Ercole, 1610

Michelangelo Merisi estuda inicialmente em Milão com o maneirista Peterzano, contra cuja estética reage asperamente. Autodidacta, a sua pintura suscita violentas reacções. Apesar da crítica dos artistas, o público aprecia as suas telas rugosas, encrespadas de pastosidades e dominadas pelo que, a partir dele, se chama «tenebrismo». Estabelece-se em Roma até que, obrigado a fugir por se ter envolvido numa sangrenta rixa, se refugia em Nápoles (1606). Percorre o Sul do país perseguido pela justiça até que vai para Malta (1607), onde é recebido na Ordem de S. João. Encarcerado um ano mais tarde por ofensas a um cavaleiro da ordem, consegue fugir para a Sicília e, dali, para Messina (1609). Regressa a Nápoles, até onde o perseguem os seus inimigos malteses, que o deixam gravemente ferido. Amnistiado por Roma, dirige-se a Porto Ercole, onde é detido por erro. Uma vez libertado, morre obscuramente (segundo certas versões, de umas febres).
A atitude artística deste pintor é de franca rebeldia contra os convencionalismos do momento. O estranho realismo de Caravaggio consiste não em copiar e observar a natureza, mas em contrapor o valor moral da prática ao valor intelectual da teoria.
O aspecto mais notável da sua obra é o tratamento da luz, que recebe o nome de tenebrismo. Consiste em projectar a luz sobre as formas com violência e em contraste intenso e brusco com as sombras. O seu precoce domínio dos efeitos claro-escuro marca o início de uma das grandes conquistas da pintura barroca. Outra característica primordial do estilo de Caravaggio é o naturalismo exacerbado como reacção face ao idealismo renascentista. Naturalismo que, por outro lado, não está em duelo com a grandiosidade da composição.
A influência de Caravaggio sente-se poderosamente em Itália e no resto da Europa durante todo o século xvii, e os seus seguidores continuam a cultivar o tenebrismo e o naturalismo no século seguinte.

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