12.2.08

QUANDO EU ME FOR EMBORA


(Resende)

A reflexão sobre a nossa morte é sempre difícil de construir. Imaginamos o corpo deitado, hirto e gélido, as mãos postas sobre o peito e um monte de gente que nos olha com a tristeza da perda. Colocamos enfeites no nosso funeral, flores, música. Há, na nossa imaginação, pessoas engasgadas com a dor. Afiguramos todo o cenário de fim.
Reflectir sobre a morte só faz sentido porque estamos vivos e isso impossibilita-nos a clareza de uma não existência imaginada. Mas insistimos no "filme". Imaginamos os filhos sem nós, os amantes, os amigos e a família, como se a nossa partida fosse transformar a vida de todos os que vivem. Não percebemos que, quando morrermos, nada do que fica nos incomodará, nem mesmo a nossa ausência.

1 comentário:

principezinha disse...

É das imagens mais perturbadoras que pode existir.

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