31.12.08
30.12.08
UM ANO NA DOBRA DO GRITO
Nasceu, há um ano, um blog pensado em uma noite.
Pollock iniciou o percurso da imagem. As palavras surgiram com os quadros. É preciso repensar o sentido de tudo isto. O tempo proporcionará novas ou as mesmas opções estéticas.
É preciso dobrar o grito. Hoje. Para que conste. Ainda que a ninguém.
29.12.08
ENTRE COISAS
Entre o Natal e o Ano Novo, há o sentimento vazio de coisas encerradas e coisas à espera de serem abertas.
28.12.08
OS ESCOLHIDOS
Melhores Blogues de 2008. Escolha da Dobra Do Grito:
Fworld Blog
Bandeira ao Vento
Sem Pénis Nem Inveja
Szerinting
Da Literatura
Fworld Blog
Bandeira ao Vento
Sem Pénis Nem Inveja
Szerinting
Da Literatura
22 - GUSTAV KLIMT
Nasceu em Viena, a 14 de Julho de 18622 e morreu a 6 de Fevereiro de 1918, também em Viena. Pintor simbolista austríaco.
Em 1876 estudou desenho ornamental na Escola de Artes Decorativas. Associado ao simbolismo, destacou-se dentro do movimento Art nouveau austríaco e foi um dos fundadores do movimento da Secessão de Viena.
Em 1876 estudou desenho ornamental na Escola de Artes Decorativas. Associado ao simbolismo, destacou-se dentro do movimento Art nouveau austríaco e foi um dos fundadores do movimento da Secessão de Viena.
Klimt foi também membro honorário das universidades de Munique e Viena. Os seus maiores trabalhos incluem pinturas, murais, esboços e outros objetos de arte, muitos dos quais estão em exposição na Galeria da Secessão de Viena.
27.12.08
26.12.08
PAPÉIS NO LIXO
A importância do dia 26 de Dezembro é superior à importância do dia 25. Posso dormir até tarde, não me preocupo com cozinhados, não tenho que visitar ninguém e a casa voltou ao silêncio. Vou deitar os papéis fora.
25.12.08
DA DOBRA PARA TODOS
Todos os personagens deste blog, desejam Feliz Natal a todos os personagens que o visitam.
24.12.08
TODOS OS DIAS
O jantar acabou tarde. Vicente, Leonor e Teresa saíram às quatro da madrugada, depois de perceberem que Miguel ficaria em casa de Luísa. Tinham bebido demais e decidiram chamar um táxi. Cantavam baixinho músicas de uma infância longínqua.
Miguel e Luísa aguardavam a hora do desejo. Intranquilo. Ele abraçava-a e ficava quieto, tenso, muito perto de lhe dizer que a amava. O amanhecer era tranquilo e, ao mesmo tempo, trazia a tristeza da despedida.
Sabiam-se unidos por ausências. Era essa, a verdade partilhada todos os dias.
23.12.08
MEDO
- Há medo quando há amor?
- O amor provoca medo, sabes disso quando me abraças como se não houvesse amanhã. Parece teres essa verdade distribuída pelos dois braços.
Miguel aquietou-se, como se lhe tivessem cravado fundo um sentimento de que fugira toda a vida.
22.12.08
A URGÊNCIA DAS PALAVRAS
Era preciso preparar o jantar marcado para as nove. As mulheres chegavam sempre primeiro. Aos homens, o tempo ia escapando por entre as roupas que demoravam a escolher.
Sacudiu os braços e endireitou as costas. Foi para a cozinha depois de pôr música. Acendeu duas velas e encostou-se à bancada, dispondo os ingredientes da receita.
Tinha colocado na mesa os queijos e as entradas de frutos e amêndoas. Eram cinco pratos brancos em cima de uma toalha cor de chocolate. Os talheres eram herança de família. Deixou cair algumas flores na jarra de prata.
Voltou à cozinha, e ao cheiro das natas a ferver. Ouviu tocar a campainha duas vezes pequenas.
Deve ser o Miguel, pensou. Desta vez não se atrasou. Correu para a porta e viu-o inteiro. Grande. Abraço imenso.
- Cheiras bem, Luísa.
A campainha voltou a tocar. Todos, à chegada, perceberam a urgência das palavras.
Voltou à cozinha, e ao cheiro das natas a ferver. Ouviu tocar a campainha duas vezes pequenas.
Deve ser o Miguel, pensou. Desta vez não se atrasou. Correu para a porta e viu-o inteiro. Grande. Abraço imenso.
- Cheiras bem, Luísa.
A campainha voltou a tocar. Todos, à chegada, perceberam a urgência das palavras.
21.12.08
DOBRAS E GRITOS (31)
Depois de um concerto memorável, dobras e gritos, só em voz baixa e pequena. O Campo Pequeno foi grande. O frio foi quente e as mãos não chegaram ao palco. Ouvir foi pouco. Quero mais.
20.12.08
NOITE DE TANGO EM LISBOA
Gotan Project
O Tango chega a Lisboa. Campo Pequeno. Noite para deixar sair o corpo da gaveta e a alma do armário. Salto raso. Mãos dadas ao amante e muita consideração pelo êxtase!
19.12.08
HOJE FICAS COMIGO
Viviam num bairro antigo de Lisboa. Ruas estreitas calcetadas, mercearia antiga e padaria com bancada de pedra. Todos os dias de manhã se encontravam no café do Sr. Jacinto, muito perto do quiosque onde ela comprava o Jornal e ele, uma revista cuja primeira página fosse apelativa para apimentar o resto do dia.
Tinham decidido viver em casas separadas. Restava-lhes o desejo contínuo do encontro, quando ambos estremeciam e a campainha de uma das casas tocava. Abria-se a porta e desapareciam as palavras. Miguel estendia-lhe o abraço e entregava-lhe a alma toda, as mãos envolviam-lhe o corpo e Luísa rendia-se ao cheiro e à cor da respiração. Empurrava a porta com a ponta do pé e sussurrava:
- Hoje ficas comigo.
18.12.08
DE VEZ EM QUANDO
"O mundo precisa, de vez em quando, de homens que não saibam mentir como os outros."
Robert Musil; O Homem Sem Qualidades
17.12.08
BEIJOS SÃO COMO MONTES NO ALENTEJO
Ficam longe do tempo. O local escolhe-se com critério e o espaço é decorado com desejo e prazer entranhados.
Montes no Alentejo são lugares de paragem. Como os beijos, escolhem-se os momentos da entrega e da troca. Colocam-se os corpos a jeito de um qualquer sentido desmedido e vamos, sem rede, até onde o calor esbarra.
Saindo de Lisboa a tempo de uma viagem directa ao beijo esperado, o monte aguarda-nos sem expectativas. Conhece-nos e acolhe-nos, entre as grossas paredes de pedra gasta e a rede do alpendre, aquela que ofereceu amor eterno. Esticam-se os braços e a boca espera-nos, como as oliveiras que espreguiçam a saudade. A viagem é bonita porque, como o beijo, lenta e profunda. Olham-se estradas encurtadas pela ânsia de ver a fonte e o alecrim que se põe nas mãos para que cheirem bem.
Longe do tempo, beijos são marcas de apetite sem hora, como os montes que aguardam pessoas para o leito, o quente da lareira e o duche de frente para a planície. Depois do corpo e do cheiro, depois das palavras, do grito, do espasmo, do suor e devaneio, o monte no Alentejo transforma em canção, todos os livros e todos os chás de menta divididos debaixo da lua.
Montes no Alentejo são tempos longos, casas com história e beijos eternos. Colocamos em cima de um prato de comida quente, duas margaridas brancas, sorrimos para o beijo que queremos urgente e percebemos que, no Alentejo, as horas são viscosas, duram o tempo do corpo deitado em arco, sempre que o mundo dá azo à imaginação e à viagem mais pura da vida.
Beijos são como montes no Alentejo. Esperam-nos sempre que estamos despertos e quentes.
Montes no Alentejo são lugares de paragem. Como os beijos, escolhem-se os momentos da entrega e da troca. Colocam-se os corpos a jeito de um qualquer sentido desmedido e vamos, sem rede, até onde o calor esbarra.
Saindo de Lisboa a tempo de uma viagem directa ao beijo esperado, o monte aguarda-nos sem expectativas. Conhece-nos e acolhe-nos, entre as grossas paredes de pedra gasta e a rede do alpendre, aquela que ofereceu amor eterno. Esticam-se os braços e a boca espera-nos, como as oliveiras que espreguiçam a saudade. A viagem é bonita porque, como o beijo, lenta e profunda. Olham-se estradas encurtadas pela ânsia de ver a fonte e o alecrim que se põe nas mãos para que cheirem bem.
Longe do tempo, beijos são marcas de apetite sem hora, como os montes que aguardam pessoas para o leito, o quente da lareira e o duche de frente para a planície. Depois do corpo e do cheiro, depois das palavras, do grito, do espasmo, do suor e devaneio, o monte no Alentejo transforma em canção, todos os livros e todos os chás de menta divididos debaixo da lua.
Montes no Alentejo são tempos longos, casas com história e beijos eternos. Colocamos em cima de um prato de comida quente, duas margaridas brancas, sorrimos para o beijo que queremos urgente e percebemos que, no Alentejo, as horas são viscosas, duram o tempo do corpo deitado em arco, sempre que o mundo dá azo à imaginação e à viagem mais pura da vida.
Beijos são como montes no Alentejo. Esperam-nos sempre que estamos despertos e quentes.
Cinema Paradiso
15.12.08
COISAS QUE ME INQUIETAM (10)
"Há uma fase na vida em que esta abranda de forma nítida, como se hesitasse entre continuar ou alterar o seu rumo. É possível que nesta fase seja mais fácil o azar vir ao nosso encontro."
Rober Musil; A Portuguesa e outras Novelas
14.12.08
13.12.08
ESPANTO
Desde que uso a pré-publicação de posts, consigo espantar-me com o que deixei escrito há muitos dias atrás.
11.12.08
10.12.08
SEXO EM FORMA ESCRITA
Em 1986, Kim Basinger e Mickey Rourke fizeram furor.
Sabe, quem escreve todos os dias, que há temas onde a dificuldade impera. Não são ideias nem preconceitos que fazem barreira à escrita, é intrínseco ao tema, o entrave nas palavras. Escrever sobre sexo é exercício complexo. Mais que o acto. Os parágrafos acontecem mais pequenos, os conceitos escolhem-se com cuidado e, é muito grande, o risco de encontrarmos uma estrada cor-de-rosa cintilante onde o piroso domina. Os corações a brilhar, os lugares comuns, as palavras que, de ditas a escritas, resvalam para registo parolo indescritível.
Percebe-se a dificuldade de uma escrita horizontal quando preparamos as linhas e a pontuação, num chorrilho brejeiro e dourado de letras mais molhadas que o desenho de uma realidade vivida ou chuva de suspiros sussurrados em dia de Inverno.
Percebe-se a dificuldade de uma escrita horizontal quando preparamos as linhas e a pontuação, num chorrilho brejeiro e dourado de letras mais molhadas que o desenho de uma realidade vivida ou chuva de suspiros sussurrados em dia de Inverno.
Escrever sobre sexo é difícil. O maior e mais completo encontro entre nós e nós próprios, pode não ser objecto de materialização em texto porque, quase sempre, o ultrapassa.
8.12.08
PODER
Ao pai, agarramo-nos com a força do saber. Os braços do pai têm sempre o poder da desmedida protecção.
7.12.08
FÁCEIS DECISÕES
Quando a vontade pequena ainda não é a nossa, agarramo-nos com força à mãe, aquela que sabe sempre decidir por nós.
6.12.08
OBRIGADA MARTA
Um grande abraço à menina que, pacientemente, me ensinou a colocar música no blog. Bem hajam almas bonitas que nos ajudam a sair das trevas.
LEVARAM-NA
Era o dia de partir. Cedo a esperavam os homens. Tinham-lhe dito que precisava mudar de lugar, de ir para onde nunca tinha sido. Pegaram-lhe nos braços e, com força, levaram-na para perto do ruído da secura das árvores. A mãe não podia impedi-la, tinha morrido há muito tempo, quando ela ainda não tinha vontade.
5.12.08
20 - BO BARTLETT
Bo Bartlett inscreve-se na tradição do realismo americano. Analisa a América e o seu povo, descreve a beleza que encontra na vida quotidiana. As suas pinturas comemoram o lugar-comum e a significância pessoal do extraordinário. Vida, morte, passagem, memória e confronto coexistem facilmente no seu mundo. Família e amigos são o elenco de personagens que aparecem no seu sonho narrativo.
4.12.08
PROCISSÃO
A minha mãe costumava vestir-me bonita para ir à procissão. Era dia de festa sagrada e família reunida na varanda da avó.
3.12.08
2.12.08
SEVERA
Lisboa e o fado. O beco, a rua, a guitarra e o destino. Lisboa e o som da viela. Timbre de voz sofrida que canta amores, traições, infiéis relações desmedidas.
Lisboa e a severa. A mulher do fado inteiro.
1.12.08
DOBRAS E GRITOS (29)
Veio-me agora à ideia a senhora púdica. Dizia ao marido para se despir longe dela. Enquanto o homem lhe satisfazia o desejo, ela espreitava-o pela fechadura.
AINDA
Ainda me contento, ainda me desperto. Ainda me permito ser o que procuro. Ainda vejo o norte, ainda me inquieto. Ainda me permito ao sonho do que não tenho.
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