13.12.10
A ESCOLA ESTÁ A MORRER
As ideias que se têm às três horas da manhã não entram na sala de aula no dia seguinte porque, disciplinas, programas e avaliações têm importância maior. A educação pública exerce enorme pressão sobre alunos e professores. É preciso que todos se conformem, que todos organizem o seu dia em unidades padronizadas de tempo e delimitadas pelo toque da campainha. À semelhança de uma unidade fabril, os operários picam o ponto ao som de um ruído agudo que percorre corredores e corações. Os exames são estandardizados, as aulas são iguais todos os dias, os alunos bocejam, os professores querem fugir para casa cedo e, aquela ínfima parte da humanidade espera que o tempo passe.
O sistema educativo precisa de ser transformado, os bons professores, que vêem a sua criatividade suprimida todos os dias, começam a abandonar o sistema. Interiormente, as aulas e a escola são motivo de enfado e cansaço. A uniformização da educação destrói qualquer sistema com múltiplas e ineficazes reformas. Enquanto os professores não forem livres para trabalhar, descobrindo os talentos e fomentando a imaginação, o tempo dispendido é inútil. Perguntemos a qualquer adolescente o que aprendeu nas mais diversas disciplinas de um currículo sobrecarregado de informação e não obteremos resposta satisfatória. Direccione-se a pergunta para aquilo que, na escola, mais lhes interessa e a resposta será rápida: nada do que se passa nas aulas é estimulante.
Os professores precisam de ensinar aquilo que os alunos precisam de aprender, aquilo que cada um deles tem dentro, o currículo que se enquadra na essência de um grupo de gente que se senta para ouvir, falar e agir. O verdadeiro poder desta abordagem passaria por uma profunda transformação de todo o sistema educativo, por um profundo questionamento do que se entende por inteligência e por uma urgente reflexão sobre a importância da criatividade. É preciso produzir algo de original, na escola e na vida. A produção de ideias originais e valiosas levou-nos, ao longo da história da música, da literatura, da pintura, à descoberta de génios que, com certeza, não começaram o seu trabalho criativo dentro de quatro paredes com muros altos e campainhas a tocar de hora a hora.
Enquanto a escola for um espaço fabril com carácter obrigatório, não existirá lugar para a criatividade. Enquanto os alunos forem para a escola sem entusiasmo e os professores abrirem a porta da sala de aula esperando o toque de saída, não existirá futuro. Enquanto os programas, desadequados da realidade, forem imposição sem critério, todo o sistema ruirá, porque não há inteligência que sobreviva a tanta mediocridade.
3 comentários:
Grande denúncia!
É verdade o que diz mas! não se esqueça de alguns profs e dirigentes escolatres menores. A resposta à sua existência passaria inevitavelmente por alguma normalização e alguma compartimentação.
O meu contributo é a proposta de todas as discilinas em todas as escolas fossem (nada disto virá ou voltará a ser) distribuídas por dois grupos:
Grupo 1 - Português, Matemática e Música; nota para passar 12
e
Grupo 2 - as outras todas; nota para passar 10.
As disciplinas do Gr.1 são curriculares até à entrada na faculdade (em caso de continuação da bolonhice actual, até à entrada no mestrado)
Acrescentaria ao primeiro grupo a Filosofia e retiraria a música para o segundo grupo. Quanto às notas para passar, apoio :)
Aos "professores/dirigentes escolares menores", convida-los-ia a uma reforma antecipada ou, no limite, o despedimento.
Et voilá, quanto ao destino a dar aos irrecuperáveis.
A Filosofia é claramente Gr.2, embora indispensável - nota para passar 10.
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