Somos tempo coagulado
“E digo-vos que, apesar de tudo o
que se consegue fazer na terra, disso renasce sempre uma nova espera e uma nova
esperança: o universo inteiro está impregnado do hálito pestilencial produzido
pela morte de um presente acabado de nascer. Quem não sentiu já a extenuante
prostração que nos invade na sala de espera de um médico, de um advogado, de
uma repartição pública? Pois bem, aquilo a que chamamos vida é apenas a sala de
espera da morte. De repente, percebi naquele mesmo instante o que é o tempo:
nós mesmos somos formas geradas pelo tempo, corpos que parecem matéria, mas não
passam de tempo coagulado. “
Gustav Meyrink
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