Como
é que se vive quando temos que fingir que não somos nós para sobreviver? Como é
que se vive quando somos obrigados a trabalhar em cima de um monte de
insanidades? Como é que se vive quando não há alternativas porque não há quem
as acolha? Como é que se vive quando tudo se inclina para um abismo que não
conseguimos evitar? Como é que se vive quando os pés tropeçam em angústias
impostas por quem manipula? Como é que se vive quando a doença ataca os nervos
de aço que julgávamos ter?
31.10.12
24.10.12
Olhos de encantos
A
mulher que ontem se foi embora porque era preciso preparar leituras, voltou com
os olhos abertos e exclamou encantos. Com os pés postos no sofá azul, não
respirou para cima dos livros porque os livros já estavam fechados. Inclinou a
cabeça para quem a ouvia e disse:
- Não me olhaste bem.
-O que é isso de olhar bem?
- É oferecer, com os olhos, a certeza das verdades que se dizem.
- Não me olhaste bem.
-O que é isso de olhar bem?
- É oferecer, com os olhos, a certeza das verdades que se dizem.
23.10.12
Sem permissão
E depois a mulher foi-se embora porque era preciso preparar
leituras. Sentou-se no sofá azul com os pés postos na cadeira castanha e
respirou para cima dos livros usados. Quando inclinou a cabeça para as páginas
sublinhadas adormeceu. Porque o livro era mau? Não, porque os olhos se fecharam
sem permissão.
22.10.12
20.10.12
19.10.12
Teu dia
Teu dia, teu silêncio, teu sorriso. Não te posso abraçar mas deixo a saudade aqui, no lugar que visitavas.
18.10.12
Coisas
Há momentos de lucidez que nos mostram a necessidade de partir para caminhos já conhecidos. Porque o que se não conhece só vale a pena quando a verdade é inteira.
17.10.12
Paragem de autocarro com flores
Ficou numa espécie de paragem de autocarro
cheia de flores encarnadas e brancas. Ficou parada perto de um caminho desconhecido.
Prosseguirá ao lado do que acredita e dentro daquilo que é. Porque a vida é o permanente contacto com a surpresa.
Prosseguirá ao lado do que acredita e dentro daquilo que é. Porque a vida é o permanente contacto com a surpresa.
16.10.12
15.10.12
Coisas possíveis
João Cutileiro |
Talvez
um dia se entenda que, pessoas felizes são as que têm na alma o mundo possível.
Porque o mundo real transforma os corpos em pedras duras. A possibilidade de
mundo é a escolha para a sobrevivência pacífica do ser consigo mesmo. Na
impossibilidade de ser o que pretendo e na ausência de sentir o que sonho, vivo
no mundo que mata aquilo com que alimentei a alma durante períodos de
existência que, mais não são, que realidades postas em cima de quase nada. E
vivo, porque é urgente o caminho, mesmo quando as pernas fraquejam.
14.10.12
A verdade que se persegue
Nunca
sabemos quem somos, talvez porque a vida nos ensine a imprudência de pensar que
podemos ser outra coisa. Quando os dias estão bonitos e se revela a consciência
de ser ou de querer ser, os outros podem ajudar-nos a perceber muito mais do
que imaginamos. Encarar máscaras porque é preciso ou desfazê-las porque é
necessário. E depois seguir os passos de quem quer dançar sem caretas que impeçam
a verdade que se persegue.
Subscrever:
Mensagens (Atom)