11.2.09

QUASE NUA


Regressou de Budapeste. Despiu a saia púrpura à entrada de casa, em Lisboa. Tinha-a colocado na cadeira do quarto quanto o telemóvel tocou.
- Chegaste hoje?
- Agora mesmo.
- Sei-te nua.
- Quase.
- Ligo mais tarde.
- Não. Eu ligo-te amanhã. Hoje preciso do tempo.
Pousou o telemóvel em cima da cama e descansou. As pernas arrefeciam devagar. Puxou o edredão e aconchegou-se ao lado da fotografia a preto e branco que guardava na cabeceira. Era dia frio. A visita à cidade Húngara tinha-a deixado coberta de beleza. Não esquecia as flores postas no quarto do hotel. A palavra que deixaram no toucador começava a fazer sentido: “Amo-te”. Sabia-o longe e isso deixava-a tranquila. Levantou-se e preparou o banho quente.

Luísa sabia que, longe, havia outra história para contar.

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