7.10.11

Diário de Etelvina (04)

Era cedo. Etelvina chegou à sala 33 e viu que Manuela dormia. Inclinada sobre uma mesa de madeira quadrada, parecia sonhar com serpentes. Mexia a boca e as pálpebras. As outras mulheres riam. 
Etelvina inclinou o corpo e cantou uma canção de embalar. Manuela não acordou. Sentou-se de frente para o grupo e disse que contaria uma história.
As mulheres escolheram um lugar para ouvir. Etelvina disse-lhes: sempre que uma mulher adormece, o resto do mundo não dá conta. O sono alheio não interessa a terceiros porque terceiros estão longe e não sabem. É por isso que o sono é pertença de um, a vigília é pertença de muitos e a loucura é pertença de todos. 


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