- Vou-me
embora.
- Não faça
isso, sabe que gosto de falar consigo.
- Não estamos
a falar.
- Estamos a
escrever, é a mesma coisa.
- Não, não é.
Desligou o
computador com a força toda nos dedos indicadores, aquele homem estava há uma
hora a tentar convencê-la que era o João de Coimbra, o advogado das causas
difíceis, o pai de família desorientado com um divórcio litigioso. Qual é o
advogado que se desorienta com um litígio? Deixou-o a escrever sozinho, ou com
alguém que quisesse acreditar em histórias. As histórias são bonitas, são
bocados de vida que se vão buscar a gavetas escondidas, o problema é o pó que
trazem agarrado, uma espécie de pó que adensa a imaginação e as faz rebentar
como a um saco de plástico.
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