10.7.12

Litígios


- Vou-me embora.
- Não faça isso, sabe que gosto de falar consigo.
- Não estamos a falar.
- Estamos a escrever, é a mesma coisa.
- Não, não é.
Desligou o computador com a força toda nos dedos indicadores, aquele homem estava há uma hora a tentar convencê-la que era o João de Coimbra, o advogado das causas difíceis, o pai de família desorientado com um divórcio litigioso. Qual é o advogado que se desorienta com um litígio? Deixou-o a escrever sozinho, ou com alguém que quisesse acreditar em histórias. As histórias são bonitas, são bocados de vida que se vão buscar a gavetas escondidas, o problema é o pó que trazem agarrado, uma espécie de pó que adensa a imaginação e as faz rebentar como a um saco de plástico.

Sem comentários:

Enviar um comentário