Não me vês? Já te disse que estou aqui. Parece que fazes de propósito e te escondes para me ver. Eu sei que estás aí. No dia em que desapareceste eu senti mais ainda a tua presença, como se corresses para debaixo da mesa, com o tampo em cima das costas e o medo em cima da alma. No dia em que fugiste, ficaste tão perto que me sufocaste.
Debaixo desse tampo que não te tapa nem te protege, pareces um molde de barro, uma espécie de pessoa que se enrola na massa densa que não materializa coisa nenhuma. O tampo da mesa é duro, mas tu não. Tu és uma qualquer moldura que procura o quadro. Tu és uma pessoa que fugiu para debaixo de uma mesa.
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