10.3.11

PIRILAU

Talvez o início da Quaresma não seja o tempo propício para falar de pirilaus, de qualquer forma arrisco. A escultura causou alguma indignação quando, na cidade de Lisboa, foi exposta por João Cutileiro. Confesso total ignorância quanto a motivações artísticas ou outras, confesso ainda completa preguiça para investigações sobre esculturas postas em parques.

O tema tem tanto interesse como qualquer outro a que se dedique alma atenta e empenhada. Não percebo o pudor dos que fogem ao assunto porque sei que são esses os que mais gostam do assunto. Às mulheres é vedada a palavra porque mal fica no vocabulário “de saias”, contudo, é-lhes pedido muito mais que silêncio em lugar quente e húmido. Hipocrisia? Com certeza.

Fala-se livre e publicamente de assassínios, guerra, fome e outras pornografias. Baixa-se o tom de voz quando o tema é pirilau. Vergonha do agradável e prazer na verborreia ensanguentada? O ser humano é demasiado estranho.

4 comentários:

-pirata-vermelho- disse...

As mulheres falam!
Nem eu falaria com mulheres que não falassem a língua por inteiro.

O pirilau...
quer dizer, aquele amontoado de pedregulhos, caríssimo! com que destruiram a linearidade de um excelente exemplar da arquitectura monumental do Estado Novo é evidentemente fálico e foi proclamado que distinguia a Revolução dos Cravos ou aa Liberdade ou uma cois'assim.

Já devia ter sido arrasado.
Não tem qualkquer dimensão estética e a ser simbólico, é-o de outra coisa - da dedicação ao pirilau, como você sugere!
Não sei se aquilo identifica, festeja ou representa a actividade de engate de rapazinhos de que o local é, esse sim, emblema; se assim for então é de manter, apesar de feio.

Dobra disse...

Não seria tão drástica, caro Pirata. Quer se trate da liberdade proclamada em Abril, quer se sugira uma liberdade fálica contente, deixe-se a pedra onde está. Quanto a ser símbolo de engate de rapazinhos, que se retire imediatamente. Apre!

-pirata-vermelho- disse...

Cara amiga, seja! Drástica.
Já olhou para a destruição da escadaria?
Reparou no amontoado sem nexo e que nem pela aleatoriedade nos pega?
Apercebeu-se de que aparenta depósito de restos 'lá do atelier'?
Viu a falta de graça daquilo?

Olhe que não estamos a falar do 'escultor marado', do autor, estamos a falar 'daquele' concreto amontoado de pedras postas dentro d'água; não que isso interesse muito (conta mais a obra que o autor) mas o autor tem notável trabalho feito; porém, derrapou enormemente na fase final da sua 'popularidade' e en passant, aplicou grandes golpaças. Só que esta é pública, paga com dinheiro público e a desfear um espaço emblemático - não tem desculpa - ABAIXO!... e tá resolvido. É o mal menor.

Dobra disse...

Tenho que voltar ao espelho de água, descer a rua e espreitar com olhos abertos, atentos e prontos todas as "pedras postas dentro d'água" para ver se mudo de opinião. Ou não. Há muito que não vou ao lugar do Pirilau Lisboeta :)

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