5.11.12

Monólogo de um homem pouco acompanhado

Em breve telefono-lhe para que perceba que as coisas não podem ficar assim. Tem a mania que, agora que está como os pássaros, manda na vida… não manda nem mandará. Eu aqui sozinho, cheio de dores e não me dá possibilidade de falar? Devia pegar no telefone e dizer-lhe o que merece ouvir, o problema é que ela pega sempre no telefone com a mão esquerda e isso dificulta-me o raciocínio. Podia dizer-lhe, por exemplo: “muda lá a mão com que pegas no telefone que me estás a irritar. És tão esquerda nas atitudes como na forma como me ouves. Não sabes que estou doente? Enquanto estivemos juntos, entupias-me de benurons quando eu caía na cama, tinhas preocupações com os meus pelos púbicos e tratavas-me como uma criança. Agora que tens a mania que estás sozinha e que és solteira, armas-te em boa.”
Já sei que a conversa pararia em menos de cinco minutos. Desde que me vim embora que tudo me acontece, é o corpo em desassossego, é a vontade que não funciona, é a porta que não se abre… e tudo por causa desta ausência. Com tanta liberdade ainda quero ver como vou tomar conta de mim.

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