ATRÁS DO VIDRO
Avistam-se, por trás do estilhaço, imagens de pessoas que estão nuas. Dobram esquinas estreitas em ruas escuras. Desprotegidas. Corpos em plena descompostura e alegre riso. Correm. O vidro não é perceptível do lado de fora. De dentro, continua a visão do riso desmedido que perpassa arestas finas de tempo gasto na estilha partida. Há marcas nos corpos dos que correm e nos olhos de quem vê. Marcas de riso muito solto que, com o vento, se retira. A nudez permanece longe, ausente de tudo o que se avista por detrás da falha que perdura.
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