Lembro-me da noite em que explicou a razão de ser do espaço e do tempo. Tinha um copo de vinho na mão e, enquanto as frases se soltavam da boca, todo o conhecimento se desprendia do lugar onde estava arrumado. Tem o conhecimento arrumado em gavetas e, de vez em quando, abre uma a uma sem nunca misturar o que nelas está guardado. É fantástico olhar para os seus pés, firmes no chão da sala, enquanto as frases se constroem sozinhas por causa do seu pensamento.
A lucidez com que fala é parecida com a transparência da água num copo de cristal. Os pés estão sempre lado a lado, em cima de um chão que conhece e que percorre enquanto não fala. Está sempre sentado quando usa palavras. É impressionante. Parece que quer que elas se movam só numa direcção, por isso se mantém quieto com os pés.
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