Os passos marcavam o chão com
certeza. Andou depressa em cima das vontades adiadas. Não lhe apetecia que
chovesse. Saiu de casa com os lábios cerrados. O vento fez com que andasse até
às árvores nuas. Dia frio, como a alma de quem se levanta tarde. Os passos
marcavam todos os quarteirões, contados do lado esquerdo da dor.
Não queria que
o tempo ficasse escuro, mas a manhã já tinha prometido uma certa não simpatia.
Chegou às árvores e parou. A chuva tinha vindo cheia de raiva. Esperou que o
molhado da fúria passasse e seguiu, com os pés a marcar a marcha, agora molhada
e infinitamente reconhecida.
Abriu a porta de casa e esticou os músculos que
traziam vontades perdidas. Recuperou o corpo esquecido e, as pernas saltaram
para dentro da banheira. Era a hora do almoço.
2 comentários:
As palavras que nunca conseguirei escrever, assim,mas que consegues fazer minhas e, por certo,de tantos outros leitores. A isso chama-se literatura. A ti já não chamo autora, mas escritora.:))bjs
Oh rapariga, não me envergonhes.
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