6.5.08

BLOGGERS ESCREVEM KANDINSKY (Manuel S. Fonseca)

“A Cantora”, de Kandisnky

Se me disserem que é azul, eu digo que mentem. Há um silêncio roxo ou púrpura que esmaga a cantora (ou é uma noiva?) geométrica e branca. Ao fundo, o pianista dissonante poderia ser, como Kandinsky que o pintou, um notário.
Não tenho a certeza de gostar de Kandinsky. E ele ralado... Seja como for, as “Composições” de Kandinsky – ao contrário desta “Cantora” de 1903 – são, quanto mais abstractas, mais vibrantes e tão musicais como ele achava que toda a pintura deveria ser.
“A cor é como as teclas, os olhos são as harmonias, a alma é um piano de múltiplas cordas”. Palpita-me que Kandinsky terá dito isto alguns anos depois de ter pintado “A Cantora”, o mais silencioso dos quadros. Um silêncio em roxo e púrpura. Igual, e também foi o russo pintor que o disse, “ao silêncio do corpo depois da morte”.

Manuel S. Fonseca - Geração de 60

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