(Moscou)
Alcandorados, descem ao rio. Quando o há. No âmago das cidades, sendo planura o chão, os telhados ge(r)minam aboletados. Resguardam o casario e as gentes que dele fazem casa ou sítio de labor pago. Circula sangue vivo nas ruas cavadas pelos fossos entre telhados.
Amanhecem tranquilas as cidades. Enganador o vazio do alcatrão e das calçadas – no descompasso da hora que rege de cada um o dia, chegam caminhos apressados e a cacofonia. Pelo movimento do sol – porque assim percepciona quem, pregado ao chão, o vê acordar e morrer pela tardinha – chega a obscenidade dos roncos motorizados e dos guinchos das buzinas. Abafados, ficam sons outros que às cidades pertencem e dão vida: o saudável vozear dos humanos que entre si estabelecem pontes, a música tocada pelas folhagens ou o linguajar próprio dos cães e aves.
E, quando a cidade esgota pelo cansaço quem nela habita, fica por conta dos morcegos e daqueles para quem o dia é turno da noite. Nas horas de todas as sombras, as catacumbas sobem à superfície.
Teresa C. - Sem Pénis Nem Inveja
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