Não quero escrever sobre política. Ficam os dedos a doer e os braços a dormir. A política tem, sobre o meu corpo, poderes estranhos. Começo a ficar mal disposta e, quando insisto, chego a desmaiar de náusea. É complicado escrever sobre assunto que cheira mal e tem espessura viscosa.
Nos regimes democráticos, a política é, ou melhor, deveria ser, uma actividade de cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos. É aí que reside o nojo e a aversão: porque a política é uma actividade de cidadãos que se ocupam dos assuntos privados deixando o bem comum no fundo da gaveta esquecida do armário de canto, chego à conclusão que os cidadãos não o são e os assuntos públicos são coisa de nenhuma importância.
Depois começam os formigueiros nas pernas e a vontade de fugir. Depois os vómitos e a vontade de apagar a luz.
3 comentários:
dizes que não queres escrever sobre política. Mas o teu post é, afinal, uma declaração política, um manifesto sobre as sombras que nos governam e que provocam em alguns de nós "... os formigueiros nas pernas e a vontade de fugir."
Subscrevo.
Digo que não quero escrever sobre política e escrevo... mas tão nauseada que depressa fujo :))Foi uma triste recaída.
Não apagues "a luz". a tua vontade (a)política(?) de escrever saiu-te muito bem!;)
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