Foto de uma sombra que sou eu |
Corri para a mesa do restaurante e paguei a conta.
Entrei no caminho de regresso e fiz a estrada em duas
horas de chuva e vento. O dia não tinha acabado e a noite não acontecia. A água
descia do céu à terra e o tempo transportava-me para fora da minha consciência.
Uma réstia de lucidez levava-me a pôr o pé direito no acelerador.
Depois
sentei-me, deixei que a água escorresse pelo corpo e que o frio entrasse nos
ossos, puxei para mim as memórias e adormeci sem fechar os olhos. Já não fazia
sentido procurar certezas, as pernas diziam-mo e os braços provavam-mo. De vez
em quando um relâmpago, um estado de intermitência entre o escuro e o claro.
Que importam as certezas quando o corpo está todo vivo?
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