As meninas decidiram fingir que estavam a dormir, estavam
tão acordadas quanto o sol que, naquele dia, nascera com o viço da manhã. Etelvina
começou a cantar baixinho. As meninas abriram os olhos com indignação e
afirmaram o despropósito da funcionária que cantava em serviço. No piso 3
julgava-se possuir a verdade. Da fragilidade e da ignorância, brotavam os
maiores disparates. Etelvina tentava socorrer-se da experiência, esbracejava
quando podia e abria os olhos com o poder dentro das pálpebras. As meninas
ignoravam a funcionária. Viviam aquém de si mesmas e não queriam perceber que
os dias ali passados eram a parte de trás de uma vida fora do lugar.
Paula Rego |
2 comentários:
Ai as meninas da sala 33... sempre "empenhadas" em fazer crer a Etelvina que "o mundo gira ao contrário e os rios nascem do mar".
;)
para quem gosta de Paula Rego;
www.facebook.com/paulafigueiroarego
cmpts.
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